sábado, 28 de novembro de 2009

COP 15 – O JOGO DE INTERESSES

Copenhaguem será palco, na primeira quinzena de dezembro, da chamada COP 15 (15ª Conferência das Partes – ONU), grupo que realiza estudos acerca dos problemas ambientais do mundo – mais especificamente, os problemas reacionados à emissão de gases na atmosfera e o consequente aquecimento global. Ao mesmo tempo, ocorrerá também a segunda fase do tratado de Kyoto.
Em jogo, na Dinamarca, diferentes interesses. Para começar, há a disputa entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos. Karen Suassuna, analista de programa de conservação do WWF-Brasil explica: "“Os países desenvolvidos querem que as nações em desenvolvimento reduzam suas emissões, mas não estão dispostos a colocar dinheiro nisso. Já estes estão dispostos a reduzir suas emissões desde que tenham um suporte financeiro e tecnológico” – ou seja, temos aqui um loop infinito; no linguajar do jogo, temos um gol a gol: o goleiro dos países desenvolvidos joga a bola para o goleiro dos países em desenvolvimento e vice-versa; ninguém sai ganhando.
Além disso, os países em desenvolvimento defendem a proposta de “redução de emissão proporcional”. Eles defendem que os países desenvolvidos já poluiram mais e por mais tempo, por isso devem arcar com a maior parte dos problemas. Assim, os países desenvolvidos deveriam reduzir mais em menor tempo que os países em desenvolvimento. Há de se pensar que esse é um jogo perigosissimo se pensarmos que em 50 anos as nações em desenvolvimento podem tornar-se desenvolvidas e termos novos países em desenvolvimento poluindo, jogando dessa mesma forma que jogam hoje. Nessa partida, um dos dois times terá que ser altruísta e entregar o jogo.
Como dito, nesse mesmo período de tempo e local, há a segunda parte do tratado de Kyoto. Em jogo aqui, a postura do presidente Obama. Ele pode jogar de atacante, assinar o tratado e sair como herói da partida ou jogar na defesa, como George Bush. Há de se lembrar que entra em jogo também a credibilidade do presidente americano, já que grande parte de sua campanha estava pautada nos problemas ambientais, agora é a hora de testar a veracidade de seus argumentos.
Já o Brasil – que joga pelo time dos países em desenvolvimento – aparece com “metas ousadas”. Entre aspas porque a tarefa do Brasil deveria ter começado há muito tempo. O ministro Carlos Minc diz que o Brasil levará à COP 15 uma proposta de redução de emissão de gases em 40% e redução do desmatamento na Amazônia em 80%, até 2020. O que parece ser algo tão ousado na verdade é plausível: 70% da nossa liberação de carbono na atmosfera vem das queimadas de florestas. Ou seja, reduzir o desmatamento é igual a reduzir a emissão de gases.
Há nisso duas contradições: com o último apagão, começou a surgir boatos de que o Brasil abriria licitação para novas termoelétricas – o que significa um retrocesso para um país que quer emitir menos carbono. A segunda contradição é que ninguém faz nada gratuitamente no mundo, e o Brasil gostaria de ajuda financeira para evitar esse desmatamento (já que entra no imbróglio de que países desenvolvidos tem que auxiliar financeiramente e com tecnologias a redução de emissão dos países em desenvolvimento). O que isso significa? É provável que haja algum pedido para que a Amazônia seja “internacionalizada” algo que o Brasil luta contra há muito tempo.
Com todo esse jogo posto em prova, resta-nos apenas ficar aqui, na torcida. Enquanto isso eu fico aqui, na medida do possível, no meio campo – distribuindo o jogo para vocês.

Para entender mais:
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/1028?page=0,0
http://www.mudancasclimaticas.andi.org.br/node/1028?page=0,1
http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/cop-15-o-que-e-conferencia-partes-copenhague-499684.shtml?func=1&pag=2&fnt=9pt
 http://tecnozilla.info/eco/brasil-com-proposta-ousada-para-o-cop-15/
 http://www.ecodesenvolvimento.org.br/noticias/cop-15-deve-decidir-um-novo-acordo-sobre-o-clima

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